sábado, 28 de fevereiro de 2009

Esses olhos verdes...


Esses olhos verdes, sensíveis,
Donos de um olhar profundo,
São olhos meigos, irrepreensíveis.
Miram um ponto fixo e enxergam o mundo.
Na candura desse terno olhar
Se esconde um incrível mistério,
Um enigma a se decifrar,
Uma fúria, um grito preso e um refrigério.
Seu olhar é deveras fulminante!
Ora encanta, ora apavora...
Se há pouco tinha brilho de diamante,
O silêncio da praia deserta ele tem agora.
Mas é calma, tranquilidade,
É sereno, é calado, está em outro nível!
E apesar da sua seriedade,
Reflete a alma de um garoto indescritível.
Deleir Inácio de Assis

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Vermelho


Vermelho é a cor do amor e da paixão
É o revestimento da dor da solidão
Do sangue que escorre ao ferir-se o coração.

Deleir Inácio de Assis






"De vermelho vive o coração..."

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Um menino e um passarinho


Um menino com um estilingue na mão
Um passarinho voando em alegria passageira
O menino mirou em sua direção
E uma pedrada que foi certeira!
O menino vibrando pelo seu ato
O passarinho sofrendo uma dor tremenda
E caindo em direção ao mato
Em seu peito, foi aberta uma fenda.
O menino com um cruel estilingue
Um choque entre o passarinho e o chão
O passarinho e sua dor, aquela que não se extingue
Uma pedra cravada em seu coração.
Um silêncio fúnebre e sepulcral
O último suspiro do passarinho
O lamento e a tristeza do final
Daquele que nunca mais verá seu ninho.
O menino lamentando pelo seu ato covarde
O arrependimento por ser o culpado pelo final triste
E agora já é muito tarde
Um passarinho que agora não mais existe.
Deleir Inácio de Assis


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sentimento

Sentimento indefinido
Como posso descrevê-lo?
É o motivo do gemido
E que eriça todo o pelo.
Foge do meu alcance,
Mas trago no interior.
Dotado de acentuada nuance,
Alguns chamam de amor...


...


Deleir Inácio de Assis


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Sono de menina

Como é bom dormir...

Olhos vermelhos de sono...
Mas não quero e não devo e não posso dormir.
Não se trata de algo monótono,
Nem de insônia ou problemas ou cachorros a latir.

É que tua imagem me fascina!
Não consigo deixar de te admirar.
Este rosto lindo de menina...
Anjo que paira no ar!

Sonha... E em teu sonho sou todo teu!
Não há lágrimas nem pranto...
O dia ainda não amanheceu.
Dorme, dona do meu encanto!

A lua me acompanha nessa viagem
Em cumplicidade indiscutível.
Seus raios tocam a meiga face numa massagem
Que a torna ainda mais irresistível.

Sonho acordado, isso é o bastante.
Tu renovas minhas energias
Para que, pela manhã, eu siga adiante,
Sonhando acordado com a mais bela das gurias.

Deleir Inácio de Assis

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A ponte, o rio e as piranhas


No meio do caminho havia uma ponte
E embaixo da ponte, um rio
E, no rio, um monte
De piranhas de aspecto sombrio.
A ponte feita de piaçava,
Com o soprar do vento,
Simplesmente balançava,
Oscilava a todo o momento.
Como havia eu de atravessar?
Sem coragem, sem destino?
Foi pensando que me encontrei num lugar
Que só mesmo em um sonho genuíno.
Contra o vento as asas abri
E saltei para a liberdade.
E já não estava mais ali,
Sobrevoava toda a cidade.
Mas e a ponte, o rio e as piranhas,
Desafio a ser superado?
Todas essas visões estranhas
Se tornaram um medo apagado.
No meio do caminho havia uma ponte,
E embaixo da ponte, um rio
E, no rio, um monte
De piranhas que não causam mais arrepio.
Deleir Inácio de Assis

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Não falamos de amor

Deixarei que as águas rolem...

Não falamos de amor...
Não falamos de amanhã.
Mas necessito acabar com essa dor
Que desperta comigo a cada manhã.

Não falamos de paixão,
Não falamos de amanhã.
Embora eu não tenha mais chão
Desde que a tristeza tornou-se minha irmã.
Não falamos de amor...
Não falamos de um futuro!
Contudo, eu não sei fingir, não sou ator:
Você é o meu caminho mais seguro.
Nós falamos de decisões
Concomitantemente certas e erradas.
Viva, sim, suas reais ilusões,
Mesmo deixando, assim, pessoas machucadas.
Nós falamos do tudo,
Nós falamos do nada.
Ainda hei de encontrar um escudo
Para me defender de sua evolução conturbada.
Deleir Inácio de Assis



terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Comércio da vida


Eu apenas quero um metro cúbico de sossego.
Quanto custa? Não quero amor, nem carinho ou aconchego,
Ao contrário! Traga também uma dose de desapego...




Deleir Inácio de Assis