quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O meu choro

As lágrimas teimam em rolar
Como rio para o mar
Sem saber como parar...

O meu choro
É sem decoro
É sem decência.
E se eu choro
Eu não imploro
Por clemência.
Eu só queria
Que esse dia
Fosse, enfim,
Neutro, vago.
Lembranças trago
Dentro de mim.
O choro vem da alma,
Meu peito na palma
Da minha mão.
Cabeça curvada,
A face molhada,
Estranha sensação.
Sinto-me vazio.
Universo sombrio
Em meu interior
Que se expande
E torna tão grande
A minha dor.

E o choro prossegue
Que cada lágrima regue
A minha ilusão
De um dia encontrar,
Em algum lugar,
O meu coração.

Deleir Inácio de Assis

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Necessidade de transição?

Transição

Essa sua fase de transição
Metamorfose psico-idealista
Seria um retrocesso ou evolução?
Processo utópico ou realista?

A ruptura com o passado
Requer abnegação e entrega.
Futuro e pretérito caminham lado a lado
Mas um dos dois a gente renega.
No seu caso, não mais vale
O que passou, o que ficou para trás.
E mesmo que a voz ainda fale
Do passado, tudo isso já não lhe compraz.
E eu renego o meu futuro
Encarcerado na alcova da vida,
Pois o que há de vir é impuro,
Lastimável paixão proibida.
Cabe a cada um de nós decidir
A condição que se deseja alcançar.
Ou abrir caminho para o porvir
Ou permitir que tudo permaneça como está.

Deleir Inácio de Assis

domingo, 25 de janeiro de 2009

Recordações de um (antigo) amigo gaúcho


Criatura insólita,
Temerária, porém hipócrita.
Tua vida é uma incógnita.

Deleir Inácio de Assis


Entrego-te as minhas reticências... (Foto de Douglas, o gaúcho - DF/2008)

sábado, 24 de janeiro de 2009

Olha o que fez comigo

"Fica comigo, eu imploro!"

Não quero nem imaginar
Onde tudo isso vai acabar.
Eu me perco nessa noite escura
E me encontro, se saio à sua procura.
Mas me encontro vazio, carente,
Sem você, tudo fica diferente.
O azul do céu se torna breu.
Lembra aquele dia claro? Escureceu!
Do pássaro o canto vira espanto
E o mar se cobre com um atro manto.
Sua orla já não tem mais brisa.
Você é meu desejo que não mais se realiza.

E quando meu rosto fica molhado,
Totalmente encharcado,
É porque sinto saudades demais!
Não dá para seguir em paz!
Meu coração pulsa, para, pulsa,
No compasso dessa solidão avulsa.
E na lembrança dos momentos de cumplicidade
É que eu choro e sofro de verdade.
O choro, eu sofro, eu choro,
Fica comigo, eu imploro!
Perturbação. Medo. E pesadelos.
Seu amor, seu carinho... Para sempre quero tê-los.

Deleir Inácio de Assis


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

É o fim?

Ai! Preciso encontrar um remédio para isso
Mesmo que seja um chá de sumiço
Ou acabar de vez com nosso compromisso.

Deleir Inácio de Assis


Será o fim?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Marias

Tivesse eu uma Maria, a Maria, eu, a Maria...

Lá vai Maria!
Lata d'água na cabeça todo dia!
Maria é feira,
Maria é freira.
É pura alegria!
Maria também é tristeza,
Puro carisma e beleza.
Maria está na igreja,
No bar, tomando cerveja.
É Maria onde quer que esteja.
Das Graças, da Conceição,
Aparecida, da Anunciação,
Das Dores, da Paz e América.
Maria é uma mulher genérica
Em qualquer situação.
Não há hora e nem lugar
A Maria chegou pra ficar.
A todas as Marias do mundo
Dedico meu carinho profundo,
Esteja ela na feira, igreja ou bar.
Deleir Inácio de Assis

Triste fim de um inocente

Guerra de rifles.


Não imaginava que seria assim
O meu fim, meu triste fim.
Banhado de sangue e suor,
Chegou a hora de voltar ao pó.


Sei que é triste a despedida
Mas não há nada a fazer, é a vida...
Ou seria melhor dizer: é a morte?
Não importa! Eu não tive mesmo sorte...


Não acredito no acaso,
Cada caso é um caso
E o meu é bem simples:


Da minha vida não levarei nada!
A bala perdida foi por mim encontrada
No meio da guerra de rifles.

Deleir Inácio de Assis

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Memórias de uma noite sombria

Imagem de Bruno Schonfelder

Memórias...
Seria melhor não tê-las.
Mesmo de fama e glórias,
Findarão qual apagar de estrelas.
E a noite se apodera
Do instante.
Cai severa,
Insinuante.

Ouro de tolo,
Cobre de dor
Minh'alma sem consolo.
Já não é mais dia
E nada conspira a meu favor.
São memórias de uma noite sombria.
Deleir Inácio de Assis

domingo, 18 de janeiro de 2009

Felicidade saborosa e suave




Não há felicidade que não seja
Saborosa como cereja,
Suave como canção sertaneja.

Deleir Inácio de Assis





Cereja musical

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Só porque você gosta de mim...

A todos aqueles que realmente gostam de mim.


Sabe
Aquele dia
Em que não cabe
A alegria
No seu peito?
(Felicidade
Não é utopia.
Em verdade,
Todos têm direito).


Então,
Estou assim
- Preste atenção -
Só porque você
Gosta de mim.
Pode dizer:
"Que idiotice"!
Pode até ser,
É como eu disse.


Mas só eu sei,
Somente eu,
O quanto errei
-Como doeu...-
Ao desprezar meus sentimentos.
E agora
Isso é meu.
É botar pra fora
O que pulsa peito adentro.

E transborda,
Contagia.
Isso me acorda
Da fantasia.
Sou tão carente...
Quero que me bajule
Noite e dia
E que me adule.
Serei feliz eternamente.


Deleir Inácio de Assis

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Tudo passa...

"...Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles". Mateus 6:28-29


Esqueça os remédios e colírios!
Deixe que as lágrimas molhem
Seu belo, sofrido rosto.
Não escolhemos os delírios,
Eles nos escolhem,
Mesmo a contragosto.
Olhe do campo os lírios,
Que não tecem, nem fiam, nem colhem,
Mas se exibem em gozo claramente exposto.


E o que dizer de nossas desventuras?
Tudo passa! A realidade é cruel, é dura.
Lute! Vença! Mas mantenha inabalável a sua estrutura.



Deleir Inácio de Assis

Paixão bumerangue

Bumerangue...

Paixão bumerangue
Tá na carne, no meu sangue.
Pode ir, e até mesmo demorar,
Cedo ou tarde, haverá de retornar.
Foi-se embora e deixou saudade,
Saudade que meu peito invade
Com ímpeto e me apavora.
Por que você foi embora?

Ao voltar, arrependida,
Traz consigo o sentido da minha vida.
Paixão bumerangue lançada com dor
Regressa resplandecente de amor.
Deleir Inácio de Assis

Tudo é loucura!

Tudo é loucura...


Loucura... Tudo é loucura!
Como posso negar teu amor, criatura?
É na minha sede a cristalina água pura.
É a luz que me ilumina nessa noite escura...
Dói? Claro que dói!
Essa loucura por dentro me corrói.
E se resisto, torno-me um herói.

Teu olhar penetra meu interior,
É impossível falar de ti sem tocar no amor.
Miro o horizonte até o sol se pôr
Pensando em ti, tua boca, teu sabor.

Dói? Claro que dói!
Essa loucura por dentro me corrói.
E se resisto, torno-me um herói.
Se estivesses aqui, prender-nos-íamos no abraço
Infinito, atado como um laço.
Contigo é gravidade zero, o espaço.
Estaria contigo dia-a-dia, passo-a-passo...
Dói? Claro que dói!
Essa loucura por dentro me corrói!
E se resisto, torno-me um herói.

Deleir Inácio de Assis

Acabou

Nada dói mais do que a dor de amor... Ilusão machuca e destrói sonhos.

Queria tanto que fosses meu infinito!
Nosso amor sempre foi tão bonito...
Mas terminou, acabou, não dá mais!
Tudo o que quero é viver em paz.
Preciso te esquecer e não voltar atrás.



Sinceras palavras de amor eu proferi,
O teu coração nunca, nunca feri.
Dependendo de mim, seríamos eternamente felizes.
Tuas lembranças são agora dolorosas cicatrizes.
Não poderia continuar suportando as nossas crises.



Se as estrelas explodiam feito dinamite
E o céu enluarado não era o meu limite,
Hoje vivo recluso, solitário e encarcerado.
Toda aquela imensidão ruiu como espelho quebrado.
São recordações guardadas em um coração dilacerado.



E as promessas fabulosas que a mim fizeste,
De preencher meu coração de norte a sul, de leste a oeste,
Quero lançar no mais profundo mar do esquecimento.
Dor, tristeza, mágoa, ódio, ilusão e lamento
Fazem parte dessa história de amor... E sofrimento.



Deleir Inácio de Assis

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Decepção

A dor da decepção é corrosiva e insuportável.

Bandida! Ordinária!
Você jurou-me amor eterno!
Merece viver solitária!
Ódio! Raiva! Inferno!
Agora tudo é frio, é inverno...
Abominável! Mercenária!

Repugnante! Descarada!
Meu desejo é que morra!
Sou capaz de prendê-la na masmorra!
Insensível! Depravada!
Mais honrada que você, até Gomorra!
Da sua insignificância, não quero nada!

Deleir Inácio de Assis

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Nem eu mesmo sei quem eu sou

Às vezes, custa-me aceitar
Que tudo vai acabar
Que nada disso é real.
Tudo parece tão lindo
E ao mesmo tempo, triste.
E assim, mesmo sorrindo,
Sei que a alegria não existe.

Quem sou?
Quando tudo começa novamente,
Realiza-se meu desejo.
E, apesar de tudo o que eu vejo,
Sei que não é mais do que semente,
Brotando em um chão ardente.
Quando tudo termina
Aí é que a semente germina.
E a vida vai passando,
As ironias do destino se apresentando.
Tudo é mascarado, tudo é errado,
Mas quem se importa?
Se a esperança já está morta?
Deleir Inácio de Assis

domingo, 11 de janeiro de 2009

Ilusões aceitáveis

Fantasias? Sim! Não as sexuais...
Quimeras? Também. Porém, não as biológicas.
Nossos sonhos não são todos iguais,
Embora sigam tendências lógicas.
É possível viver da esperança?
Acreditar em algo que não se vê?
Quem acredita não se cansa,
Vive daquilo em que crê.
Fantasias? Sim. Inclusive as sexuais.
Quimeras? Também. Por que não as biológicas?
A vida está repleta de rituais,
Quase todos enganações psicológicas.
O homem é, afinal, uma criança,
Pois acredita e não desiste.
Quem acredita não descansa,
Vive daquilo que nem sabe se existe.
Deleir Inácio de Assis

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Física do amor

O amor é um desenho na areia da praia que onda nenhuma apaga...

Necessito compreender urgentemente essa MECÂNICA
Sorrateira, insaciável e DINÂMICA,
Que queima com um CALOR irresoluto
E despenca, de súbito, até o ZERO ABSOLUTO!
Uma ONDA de amor oscila em minha vida,
De amplitude incomensurável, para um INSTRUMENTO DE MEDIDA.
Até aceito e entendo: E = m . c²,
Mas minha ENERGIA é ainda mais intensa ao teu lado.

Acho que o cupido me acertou com um VETOR
E transformou meu corpo em um SUPERCONDUTOR.
RESISTIVIDADE ZERO a essa loucura que me vem,
Indecifrável até mesmo para ALBERT EINSTEIN.
É uma FORÇA que modifica toda minha estrutura,
CORRENTE de prazer que torna a alma pura.
E quando exerce com volúpia PRESSÃO total,
Transcende qualquer limite ESPAÇO-TEMPORAL.
O IMPULSO aplicado é capaz de me fazer voar.
Chego às estrelas, numa REAÇÃO DE FUSÃO NUCLEAR.
E seu MAGNETISMO me atrai novamente para ti...
É essa a FÍSICA do amor que contigo aprendi.
Deleir Inácio de Assis