Você em mim é o concreto,
É o abstrato, o subjetivo, o irreal.
Embora seja também o incorreto,
A boa índole, o amor humano, o ideal,
Que torna meu pensamento irracional.
Na partida, é a despedida e a chegada triunfais,
A saudade sincera e apenas desejada.
O seu nome, escrito com letras garrafais,
É o meu consolo, de lágrimas, na carta molhada,
Que tanto fala sem nunca dizer nada.
Causa espanto a sua ausência tenebrosa,
Pois a solidão me assombra e me intimida.
Não havendo nem poesia, nem verso e nem prosa
Na palavra que o vento traz adormecida,
Que ecoa triste, em contrapartida.
Só basta que eu saiba que ainda me ama
Para que, enfim, a primavera renasça.
Para que a amargura que agora em mim inflama
Seja mais uma nuvem negra que passa.
É o legado de uma inconstante alegria devassa.
Deleir Inácio de Assis
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